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Aprendendo a "ouvir" a natureza

  • cecgodoyviagem
  • 23 de fev.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 28 de fev.

Aprendendo a ouvir a natureza. Imagem feita com IA.
Aprendendo a ouvir a natureza. Imagem feita com IA.

Explorando a natureza com todos os sentidos

O mundo atual é muito acelerado! Muitas vezes passamos pelos lugares sem realmente percebê-los. Nossa relação com o ambiente se torna superficial, e os estímulos artificiais dominam nossa atenção.

No entanto, há uma maneira de desacelerar e redescobrir o mundo: explorar a paisagem natural com todos os sentidos, concentrando-se em um de cada vez.

Essa experiência pode ser transformadora. Quando realmente ouvimos, tocamos, cheiramos, vemos e saboreamos a natureza ao nosso redor, sentimos algo mais profundo – uma conexão genuína com o mundo natural e uma sensação de pertencimento à vida ao nosso redor.

Convido você a embarcar em um roteiro guiado para essa imersão sensorial. Escolha um local tranquilo, sem distrações artificiais, onde a natureza se revele em toda a sua riqueza. Pode ser um bosque, uma praia, um campo aberto, uma montanha ou até mesmo um parque urbano silencioso.

Ao longo dessa experiência, mantenha a mente aberta. Em vez de apenas estar no ambiente, permita-se realmente sentir cada detalhe.


1. O Som: Aprendendo a ouvir a natureza

Geralmente, quando chegamos a um local, nossa atenção está voltada para o visual. Mas, e se você começar de outra forma? Feche os olhos e ouça.

  • Primeiro, tente identificar os sons óbvios: o canto dos pássaros, o som do vento passando pelas folhas, a água corrente de um riacho próximo.

  • Agora, aprofunde a escuta. Existem camadas dentro desses sons. O vento não sopra de forma uniforme; ele se move em rajadas, variando de intensidade. O canto dos pássaros não é um só; há diferentes tons e padrões. A terra pode emitir sons sutis – pequenos estalos de galhos, o ruído de insetos na grama, o som da água penetrando no solo.

  • Feche os olhos e mova a cabeça levemente para os lados. Como os sons mudam de acordo com sua posição?

  • Agora tente identificar o silêncio. Ele não é absoluto – há sempre um som sutil de fundo, como uma vibração constante da vida ao seu redor.

Se estiver com uma criança, desafie-a a encontrar cinco sons diferentes ou a identificar o som mais distante que consegue ouvir.


2. O Toque: Sentindo a terra na ponta dos dedos

Nosso tato é um dos sentidos mais negligenciados quando exploramos um ambiente natural. Tocamos apenas o que é necessário – um galho para nos apoiar, uma pedra para tirar do caminho. Mas e se o usarmos ativamente para explorar?

  • Passe a palma da mão sobre diferentes superfícies: a casca de uma árvore, a grama, uma folha grande. Como cada textura se diferencia?

  • Pegue um punhado de terra e deixe-a escorrer entre os dedos. A textura muda dependendo de estar seca ou úmida? Ela é macia ou granulada?

  • Toque uma pedra. Agora outra. Qual é mais quente? Qual é mais lisa? Qual tem marcas do tempo e da erosão?

  • Se houver vento, feche os olhos e perceba como ele toca sua pele. Ele tem uma temperatura constante? Ele sopra de uma única direção ou se move de maneira imprevisível?

  • Toque a água, se houver um rio ou lago por perto. A temperatura da água é diferente dependendo da profundidade? A correnteza é suave ou forte?

Com crianças, um exercício divertido é andar descalço em diferentes tipos de solo – grama, terra, areia – e perguntar qual sensação mais gostaram e por quê.


3. A Visão: Observando além do óbvio

Agora que seu corpo já se conectou de outras formas, é hora de abrir os olhos e ver o ambiente com um novo olhar.

  • Escolha um ponto fixo e observe por pelo menos dois minutos. O que você vê que não tinha percebido antes?

  • Aproxime-se de um elemento natural – uma folha, uma pedra, um inseto. Examine cada detalhe como se estivesse vendo aquilo pela primeira vez.

  • Agora olhe para o horizonte. Como os elementos se organizam na paisagem? Há padrões naturais, como a repetição de formas nas árvores ou nas nuvens?

  • Se houver água, perceba como a luz se reflete nela. Há movimentos suaves na superfície? Pequenas ondulações?

  • Observe as sombras. O sol filtra por entre as folhas? Como a luz transforma a paisagem ao longo do tempo?

Com crianças, peça que escolham algo pequeno para descrever com riqueza de detalhes. Pode ser um galho, uma folha caída, um inseto. Isso as ajudará a notar a riqueza do mundo ao seu redor.


4. O Olfato: Sentindo(s) o(s) cheiro(s) da natureza

Poucas coisas ativam memórias e emoções tão rapidamente quanto os cheiros. Na natureza, cada local tem sua própria identidade olfativa.

  • Inspire profundamente e tente identificar três cheiros diferentes.

  • O cheiro da terra muda dependendo do lugar? A terra úmida debaixo das folhas tem um cheiro mais forte?

  • Se houver flores ao redor, aproxime-se. Seu perfume é intenso ou sutil? Algumas flores só liberam aroma ao entardecer.

  • O vento carrega odores diferentes dependendo da direção? Respire virado para um lado, depois para outro. Percebe a mudança?

  • Tente lembrar se algum cheiro evoca memórias. O cheiro do mato lembra um lugar da infância? O cheiro da água lembra uma viagem ao litoral?

Para crianças, um desafio é encontrar o cheiro favorito da trilha e tentar descrever por que ele é especial.


5. O Paladar: O gosto da Terra

Este sentido exige cautela. Nem tudo na natureza pode ser provado, mas algumas experiências são seguras e deliciosas.

  • Se houver árvores frutíferas ou plantas comestíveis, experimente seus frutos. Como é o sabor em comparação ao que você compra no mercado?

  • Se estiver perto do mar, passe a língua nos lábios. O gosto da maresia é perceptível?

  • Se houver neblina ou umidade no ar, tente sentir seu frescor na boca.

Com crianças, ensine a diferença entre plantas seguras e perigosas. Se possível, leve algo natural para elas experimentarem – um chá de ervas colhidas no caminho, uma fruta silvestre identificada corretamente.


Conclusão: A paisagem sensorial

Agora que cada sentido foi explorado individualmente, feche os olhos mais uma vez. Respire fundo. Deixe os sons, os cheiros, as texturas e as cores se misturarem em uma única percepção.

Você não está apenas em um ambiente natural – você faz parte dele.

Essa experiência é poderosa e transformadora. Ao explorarmos o mundo dessa maneira, resgatamos um conhecimento intuitivo e profundo que foi se perdendo com a modernidade. Mais do que nunca, precisamos disso.


Um convite para as crianças

Se essa experiência foi enriquecedora para você, imagine o impacto que pode ter para uma criança! Elas são naturalmente sensoriais e exploradoras. Permita que elas descubram a natureza com as próprias mãos, ouvidos e olhos. Ensine-as a observar, tocar, sentir, cheirar e ouvir. Incentive a curiosidade delas e transforme o contato com a natureza em um hábito, não um evento isolado.

Promova momentos assim regularmente. Crie memórias. Ensine-as a desacelerar, a sentir, a pertencer.

Investir momentos aprendendo a ouvir a natureza é dar às crianças um presente que mudará sua vida. É uma maneira de desacelerar e redescobrir o mundo.

A natureza está esperando. Basta aprender a "ouvi-la".

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Carlos Eduardo Godoy (Prof. Amparo)

Biólogo, Professor,

Escritor e Ilustrador

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