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Como planejar e conduzir investigações

  • cecgodoyviagem
  • 16 de jan.
  • 6 min de leitura

Atualizado: 20 de fev.

Crianças investigando modelos de ambiente. Imagem feita com IA.
Crianças investigando modelos de ambiente. Imagem feita com IA.

Como planejar e conduzir investigações em aulas de Ciências da Natureza

A investigação científica é um pilar essencial no ensino de Ciências da Natureza, pois promove o pensamento crítico, a curiosidade e o aprendizado significativo.

No entanto, para planejar e conduzir investigações com eficácia, é necessário compreender que diferentes tipos de perguntas exigem diferentes procedimentos.

Perguntas descritivas, comparativas e relacionais demandam abordagens distintas, influenciando a forma como os alunos coletam, analisam e comunicam os dados.

Este texto apresenta um roteiro estruturado para a condução de investigações no Ensino Fundamental 1, destacando como cada tipo de pergunta orienta a investigação.

  

1. Escolha do tema e formulação da pergunta investigável

O primeiro passo é selecionar um tema relevante e conectado à realidade dos alunos.

Uma vez escolhido o tema, deve-se formular a pergunta que será investigada. Ela deve ser clara, precisa, original, possível de ser investigada e despertar a curiosidade. 

A pergunta investigativa pode ser classificada em três categorias principais:

  • Perguntas descritivas: Buscam identificar e descrever características de um elemento, fenômeno ou ambiente sem manipulá-lo.

    • Exemplo: Quais são as partes de uma planta de feijão?

  • Perguntas comparativas: Estabelecem comparações entre dois ou mais grupos ou condições.

    • Exemplo: Compare os dois animais investigados, anta e jacaré. Apresente semelhanças e diferenças entre eles.

  • Perguntas relacionais: Investigam a relação entre duas variáveis e exigem um planejamento experimental detalhado.

    • Exemplo: De que maneira a quantidade de água influencia o crescimento das plantas de feijão?


Dicas para formular perguntas investigáveis

✔ Certifique-se de que a pergunta seja clara e específica.

✔ Relacione-a a fenômenos observáveis, que possam ser investigados.

✔ Escolha algo que desperte a curiosidade dos alunos.

 

 

2. Planejamento da investigação

Após definir a pergunta, planeje a investigação com base no tipo de questionamento:


Para perguntas descritivas

  • O foco é a observação direta e o registro detalhado das características do objeto de estudo.

  • Os alunos podem utilizar tabelas, desenhos e descrições detalhadas para organizar as informações.

  • Exemplo de atividade: Observar e registrar as diferentes partes de uma planta de feijão ao longo de seu crescimento.


Para perguntas comparativas

  • Os alunos devem identificar um critério de comparação e observar semelhanças e diferenças entre os grupos analisados.

  • Exemplo de atividade: Comparar as características da anta e do jacaré, observando semelhanças e diferenças em seus hábitos alimentares, habitat e estrutura corporal.

  • Método: Criar uma tabela comparativa listando aspectos como cobertura do corpo, estruturas usadas para locomoção, tamanho, alimentação e adaptação ao meio ambiente.


Para perguntas relacionais

  • A investigação requer um planejamento experimental mais rigoroso, pois envolve a relação entre variáveis.

  • Exemplo de atividade: Testar o impacto da quantidade de água no crescimento das plantas.

  • Definição das variáveis:

    • Variável independente: Quantidade de água.

    • Variável dependente: Crescimento das plantas.

    • Variáveis de controle: Tipo de solo, quantidade de luz, temperatura.

 

3. Organização da sala de aula e dos grupos

Para garantir um ambiente de investigação eficiente, os alunos podem ser organizados em grupos, com papéis bem definidos:

  • Experimentadores: Conduzem as atividades práticas.

  • Anotadores: Registram dados em listas, desenhos ou tabelas.

  • Gestor do trabalho: Garante que o trabalho seja realizado de forma organizada, com rigor e precisão, dentro do tempo disponível.

Dicas

  • Oriente os alunos a manterem registros claros, precisos, completos e organizados.

  • Incentive discussões em grupo para compartilhar descobertas.

  • Disponibilize modelos de tabelas para facilitar a coleta de dados.

 

 

4. Execução da investigação / Coleta de dados

O desenvolvimento da investigação, o conjunto de procedimentos realizados, varia conforme o tipo de pergunta:

  • Perguntas descritivas: Os alunos observam e registram informações sobre o objeto de estudo.

  • Perguntas comparativas: Os grupos coletam, analisam e comparam dados para identificar semelhanças e diferenças entre os elementos investigados.

  • Perguntas relacionais: A execução envolve a manipulação de variáveis e a observação dos possíveis impactos de uma sobre outra.

 

 5. Análise de dados

Independentemente do tipo de pergunta, a análise de dados é uma etapa crucial. Os alunos devem:

  • Identificar padrões e discrepâncias nos dados coletados.

  • Criar tabelas e gráficos para organizar os resultados.

  • Comparar os achados com a hipótese inicial.

 

Diferentes abordagens de análise

  • Perguntas descritivas: Os dados são apresentados em forma de descrição detalhada ou ilustrações.

  • Perguntas comparativas: Os alunos comparam os resultados entre diferentes grupos, identificando padrões e discrepâncias.

  • Perguntas relacionais: A análise busca estabelecer a relação entre a variável independente e a dependente.

  

6. Conclusão da investigação

A conclusão deve abordar os seguintes pontos:

  • Qual foi a pergunta investigada e a hipótese formulada?

  • Como a investigação foi conduzida?

  • Quais foram os principais resultados observados?

  • A hipótese foi confirmada ou refutada?

 

 7. Comunicação científica

A comunicação científica deve ser tão precisa, que possibilita a outros cientistas replicarem todas as suas etapas para verificar os resultados obtidos.

Os alunos devem praticar a comunicação de procedimentos e descobertas desde as suas primeiras investigações. Ela deve ser organizada, estruturada, clara e precisa.  

As apresentações podem ocorrer por meio de:

  • Relatório Científico: Apresenta o registro detalhado, estruturado, de todo o processo investigativo.

  • Cartaz: Síntese visual com gráficos e ilustrações para facilitar a compreensão.

  • Seminário: Apresentação oral com apoio de projeções ou materiais físicos.

  

8. Avaliação e Reflexão

A avaliação deve considerar não apenas os resultados obtidos, mas também o desenvolvimento da atividade. Os professores podem avaliar:

  • O engajamento dos alunos no processo investigativo.

  • A organização e clareza dos registros.

  • A capacidade de interpretar e comunicar os resultados.

Além disso, é essencial que os alunos reflitam sobre o que aprenderam e como poderiam melhorar futuras investigações.

  

Conclusão

Ao compreender que diferentes tipos de perguntas exigem diferentes estratégias investigativas, os professores podem planejar atividades mais eficazes e alinhadas aos objetivos de aprendizagem.

✔ Perguntas descritivas não requerem manipulação de variáveis, apenas observação e registro de características do elemento, fenômeno ou ambiente investigado.

✔ Perguntas comparativas envolvem a observação e registro de características dos elementos, fenômenos ou ambientes investigados.

✔ Perguntas relacionais exigem um planejamento mais rigoroso, com a definição clara das variáveis independentes, dependentes e de controle.

Incentivar investigações científicas na sala de aula possibilita que os alunos desenvolvam habilidades fundamentais, como a formulação de hipóteses, a coleta e análise de dados e a comunicação científica.

Experimente e proporcione aos seus alunos a oportunidade de se tornarem verdadeiros cientistas!


Glossário

  1. Investigação científica – Processo sistemático de explorar e compreender fenômenos, utilizando observação, experimentação e análise de dados.

  2. Pergunta científica – Questão clara e objetiva que guia uma investigação. Pode ser descritiva, comparativa ou relacional.

  3. Hipótese – Explicação inicial e testável para um fenômeno observado, que pode ser confirmada ou refutada por meio de experimentação.

  4. Variável independente – Fator manipulado no experimento para testar sua influência sobre outra variável.

  5. Variável dependente – Fator que é medido e observado como resultado da manipulação da variável independente.

  6. Variáveis de controle – Fatores que permanecem constantes durante um experimento para garantir que os resultados sejam atribuídos apenas à variável independente.

  7. Planejamento experimental – Organização detalhada dos procedimentos e materiais necessários para conduzir uma investigação de forma estruturada e confiável.

  8. Coleta de dados – Processo de registrar informações durante a investigação, por meio de medições, observações ou registros descritivos.

  9. Análise de dados – Etapa de interpretação das informações coletadas para identificar padrões, tendências e responder à pergunta investigativa.

  10. Registro científico – Organização de dados e observações em tabelas, gráficos, diagramas ou anotações detalhadas para análise posterior.

  11. Experimento controlado – Tipo de investigação em que uma variável é manipulada enquanto todas as outras são mantidas constantes para testar uma hipótese.

  12. Observação sistemática – Método de investigação baseado na coleta de informações detalhadas sem interferência no fenômeno estudado.

  13. Comparação científica – Técnica usada para examinar semelhanças e diferenças entre dois ou mais objetos, fenômenos ou condições.

  14. Gráfico – Representação visual de dados coletados, facilitando a interpretação de tendências e padrões na investigação.

  15. Conclusão científica – Resumo baseado em evidências que responde à pergunta investigativa, indicando se a hipótese foi confirmada ou refutada.

  16. Comunicação científica – Apresentação dos resultados de uma investigação, podendo ser feita por meio de relatórios, cartazes, seminários ou publicações.

  17. Relatório científico – Documento formal que descreve o processo, os resultados e as conclusões de uma investigação.

  18. Interpretação de resultados – Processo de explicar os achados de uma investigação, relacionando-os com hipóteses e conhecimentos prévios.

  19. Pensamento crítico – Habilidade de avaliar informações de forma lógica e fundamentada, questionando resultados e identificando possíveis falhas na investigação.

  20. Reprodutibilidade – Capacidade de repetir um experimento e obter resultados semelhantes, garantindo a confiabilidade da investigação.

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Texto inspirado nos livros: 1) "Science in the Early Years", de Pat Brunton. 2) "Becoming Scientists", de Rusty Bresser. 3) "Doing What Scientists Do", de Ellen Doris.


Carlos Eduardo Godoy (Prof. Amparo)

Biólogo, Professor,

Escritor e Ilustrador

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©2023 por Carlos Eduardo Godoy / Livros para crianças que gostam da Natureza. Orgulhosamente criado com Wix.com

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