Planejamento da aprendizagem
- cecgodoyviagem
- 16 de fev.
- 3 min de leitura

O planejamento da aprendizagem em Ciências da Natureza deve partir de expectativas de aprendizagem claras, organizando um percurso que guie os alunos da curiosidade inicial à compreensão significativa do conteúdo.
A abordagem ideal envolve a criação de contextos de aprendizagem, situações de aprendizagem e percursos estruturados, garantindo que os estudantes se engajem ativamente e construam conhecimento de forma progressiva e significativa.
1. Definição da expectativa e evidência de aprendizagem
Antes de estruturar o ensino, é essencial definir com precisão a expectativa de aprendizagem. Isso inclui:
Verbo de ação: Indica o nível cognitivo esperado (ex.: identificar, descrever, comparar, agrupar, classificar, justificar e outros ).
Objeto de conhecimento: O conteúdo central a ser aprendido.
Evidências de aprendizagem: Evidências que demonstram o domínio do conhecimento.
Exemplo: Expectativa de aprendizagem - "Analisar e construir cadeias alimentares simples, reconhecendo a posição ocupada pelos seres vivos nessas cadeias e o papel do Sol como fonte primária de energia na produção de alimentos."(BNCC - EF04CI04)
2. Criando um contexto de aprendizagem
O contexto de aprendizagem é o cenário no qual o conhecimento será construído. Ele deve ser significativo para os alunos, conectando-se a suas experiências e despertando sua curiosidade.
Exemplos de Contextos:
Ambiente natural próximo: Uma saída de campo para observar organismos em um parque ou jardim.
Situação-problema: "O que aconteceria se um tipo de animal desaparecesse da floresta?"
Narrativa envolvente: Contar a história de um ecossistema que sofreu uma grande mudança devido à ação humana.
O objetivo é criar um ambiente que estimule perguntas investigativas e motive os alunos a explorar as relações entre os elementos estudados.
3. Elaborando situações de aprendizagem
As situações de aprendizagem são os momentos específicos em que os alunos interagem com o conhecimento. Elas devem promover investigação ativa, experimentação e construção colaborativa do saber.
Modelos de situações de aprendizagem:
Investigação guiada:
Pergunta inicial: “Quais são os seres vivos que fazem parte de uma cadeia alimentar em um jardim escolar?”
Atividade: Os alunos exploram um ambiente próximo, registram organismos observados e identificam relações alimentares.
Simulações e modelagem:
Construção de cadeias alimentares com cartões de animais, representando relações ecológicas.
Discussão baseada em dados:
Os alunos analisam gráficos e mapas sobre impactos ambientais em cadeias alimentares.
Experiência prática:
Criação de um terrário ou aquário para observar interações entre organismos.
Essas situações precisam estar alinhadas com a expectativa de aprendizagem, permitindo que os estudantes avancem gradualmente na compreensão do conceito.
4. Estruturando o percurso de aprendizagem
O percurso de aprendizagem é a sequência planejada das atividades, garantindo progressão lógica e articulação entre diferentes momentos da aprendizagem. O modelo do planejamento reverso auxilia nessa organização.
Etapas do percurso:
Exploração inicial – Ativar conhecimentos prévios e despertar curiosidade.
Atividade: Observação de um ecossistema ou análise de imagens.
Construção do conhecimento – Interação direta com o conteúdo.
Atividade: Investigação prática ou análise de textos científicos.
Aplicação e síntese – Aplicação do que foi aprendido em novos contextos.
Atividade: Projeto investigativo ou produção de relatórios científicos.
Avaliação e reflexão – Medição da aprendizagem e ajustes no percurso.
Atividade: Elaboração de mapas conceituais ou debates.
Cada etapa deve estar interligada e levar o aluno a um nível mais avançado de compreensão, promovendo autonomia e pensamento crítico.
5. Avaliação do processo de aprendizagem
A avaliação deve ser autêntica, focando a capacidade dos alunos de aplicar o conhecimento em contextos reais.
Formas de avaliação:
Produção de modelos de cadeias alimentares.
Diários científicos com registros e reflexões.
Apresentações explicativas sobre ecossistemas locais.
Autoavaliação dos alunos sobre seu aprendizado.
A avaliação deve ocorrer ao longo do percurso, permitindo intervenções e ajustes conforme necessário.
Conclusão
Criar contextos, situações e percursos de aprendizagem a partir de uma expectativa de aprendizagem requer planejamento estratégico e metodologias ativas.
O processo deve partir de um contexto relevante, envolver os alunos em situações significativas e seguir um percurso estruturado que leve à construção do conhecimento de forma progressiva. Dessa forma, a aprendizagem se torna mais engajadora, crítica e aplicável à vida real.
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Texto inspirado nos livros: 1) "Science in the Early Years", de Pat Brunton. 2) "Becoming Scientists", de Rusty Bresser. 3) "Doing What Scientists Do", de Ellen Doris. 4) "Planejamento para a Compreensão", de Grant Wiggins e Jay McTighe.