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Planejamento para a compreensão

  • cecgodoyviagem
  • 28 de dez. de 2024
  • 6 min de leitura

Atualizado: 16 de fev.

Professor refletindo sobre suas aulas enquanto observa crianças trabalhando em classe. Imagem feita com IA.
Professor refletindo sobre suas aulas enquanto observa crianças trabalhando em classe. Imagem feita com IA.

Planejamento para a compreensão

Você já sentiu que seu planejamento de aula não estava atingindo o impacto desejado? Que mesmo com tanto esforço, os alunos pareciam apenas decorar conteúdos sem realmente compreendê-los? Se sua resposta foi "sim", saiba que você não está sozinho. Mas também saiba que existe uma solução prática, testada e poderosa: o Planejamento Reverso, apresentado no livro "Planejamento para a Compreensão", de Grant Wiggins e Jay McTighe.

Neste texto, veremos como essa abordagem pode revolucionar sua prática docente e por que ela é indispensável para educadores que buscam mais propósito e resultados em sala de aula.


Qual é o objetivo

Na correria do dia a dia, é comum que o foco do professor seja "dar conta do conteúdo". Mas o ensino eficaz vai muito além disso. O verdadeiro objetivo da educação é desenvolver a compreensão duradoura – aquela que os alunos levam para a vida, aplicam em situações novas e que os transforma. O livro de Wiggins nos ensina que planejar bem é o primeiro passo para alcançar essa meta.

Mas como planejar para que a compreensão seja o resultado? É aqui que entra o Planejamento Reverso.


O Planejamento reverso

Enquanto o planejamento tradicional parte das atividades para chegar aos objetivos, o planejamento para a compreensão (Reverso) inverte essa lógica: você começa pelos resultados desejados e planeja de trás para frente.



As três etapas do Planejamento Reverso


A. Identificar os resultados desejados

O primeiro passo é definir claramente o que os alunos devem compreender, saber e ser capazes de fazer ao final do processo de aprendizagem. Para isso, é essencial elaborar expectativas de aprendizagem que sejam objetivas, mensuráveis e conectadas a níveis cognitivos específicos.


Como relacionar o comando cognitivo de Bloom ao conteúdo conceitual

Use os verbos da Taxonomia de Bloom para guiar o nível de complexidade esperado, combinando-os com o conceito, ideia ou fato a ser estudado. Aqui está um passo a passo:

  1. Escolha o nível cognitivo: Decida se o objetivo se concentra em habilidades básicas, como lembrar e compreender, ou em habilidades mais complexas, como analisar e criar.

  2. Selecione um verbo de ação apropriado: Escolha um comando cognitivo alinhado ao nível de Bloom desejado. Por exemplo:

    • Lembrar: Identificar, listar, definir.

    • Compreender: Explicar, descrever, resumir.

    • Aplicar: Usar, calcular, demonstrar.

    • Analisar: Comparar, categorizar, diferenciar.

    • Criar: Planejar, projetar, compor.

  3. Combine com o conteúdo específico: Vincule o verbo de ação a um conceito ou fato relacionado ao tema da aula.


Exemplos

  • Para Ciências Naturais:

    • "Os alunos devem ser capazes de identificar (lembrar) as partes de uma planta e descrever (compreender) a função de cada uma."

  • Para Matemática:

    • "Os alunos devem aplicar (aplicar) a fórmula da área para calcular o espaço ocupado por diferentes figuras geométricas."

  • Para o exemplo de biodiversidade no jardim:

    • "Os alunos devem listar (lembrar) os seres vivos encontrados em dois jardins e comparar (analisar) a biodiversidade entre eles."

Ao alinhar expectativas de aprendizagem a comandos cognitivos claros, o professor garante que os objetivos sejam específicos e mensuráveis.


B. Determinar as evidências de aprendizado

Após definir os resultados esperados, planeje como avaliar se os alunos alcançaram esses objetivos. A avaliação deve permitir que os alunos demonstrem suas habilidades e conhecimentos de maneira autêntica e significativa.


Como planejar evidências relacionadas a Bloom

  1. Avaliações Baseadas no Nível Cognitivo:

    • Lembrar e Compreender: Questionários, resumos ou mapas conceituais.

    • Aplicar e Analisar: Estudos de caso, atividades práticas, comparações.

    • Criar: Projetos, apresentações, experimentos.

  2. Critérios de Sucesso: Defina o que será considerado evidência de aprendizado bem-sucedido, garantindo que esteja alinhado ao verbo cognitivo e ao conteúdo específico.


Exemplo

Para o tema dos jardins:

  • Evidência: Um relatório ilustrado contendo a lista de seres vivos, uma descrição de cada jardim e uma tabela comparativa.

  • Critérios: O aluno deve incluir ao menos 5 seres vivos em cada jardim, descrever as características físicas de cada ambiente e apresentar duas semelhanças e duas diferenças claras na tabela.


C. Planejar experiências de aprendizagem

Depois de definir os objetivos e as evidências, o próximo passo é criar atividades que guiem os alunos em direção aos resultados desejados. Essas experiências devem engajar os alunos e oferecer oportunidades para praticar as habilidades esperadas.


Como relacionar atividades aos níveis cognitivos

  1. Atividades de lembrança e compreensão: Leituras guiadas, observação direta, exercícios de identificação e descrição.

  2. Atividades de aplicação e análise: Trabalho em grupo, discussões reflexivas, tabelas comparativas, experimentos.

  3. Atividades de criação: Projetos colaborativos, apresentações, resolução de problemas complexos.


Exemplo

Para o tema dos jardins:

  • Lembrar e Compreender:

    • Identificar e desenhar os seres vivos encontrados em cada jardim.

    • Descrever as características de cada espaço (luz, solo, vegetação).

  • Analisar:

    • Criar uma tabela comparativa destacando semelhanças e diferenças.

  • Criar:

    • Planejar uma apresentação oral para compartilhar as descobertas com a turma, incluindo recomendações para melhorar a biodiversidade de um dos jardins.

Com essas orientações detalhadas, o Planejamento Reverso não só garante clareza nos objetivos de aprendizagem, mas também oferece um caminho claro para o professor conduzir as aulas e avaliar o progresso dos alunos de forma significativa.


Por que isso funciona?

O Planejamento Reverso ajuda a evitar um erro comum: ensinar conteúdos desconexos, que não levam a um objetivo maior. Em vez disso, você garante que cada aula tenha propósito e contribua diretamente para o aprendizado significativo.

Além disso, ele resolve um dos maiores desafios dos professores: alinhar currículo, avaliação e ensino. Quando tudo está em sintonia, os alunos aprendem mais e melhor.


Exemplo: Explorando a biodiversidade nos jardins da escola

Imagine que você está planejando uma sequência de aulas para o 3º ano, com o objetivo de que os alunos sejam capazes de descrever e comparar a biodiversidade de dois jardins diferentes da escola.

Etapas do planejamento reverso:

  1. Resultados desejados:

    • Os alunos devem ser capazes de:

      • Listar os animais e vegetais encontrados em cada jardim.

      • Descrever as características de cada espaço (como tipo de solo, luz e vegetação).

      • Comparar os dois ambientes, identificando semelhanças e diferenças.

  2. Evidências de aprendizado:

    • Produção de um relatório ilustrado com:

      • Listagem de animais e vegetais encontrados.

      • Descrições detalhadas de cada jardim.

      • Desenhos dos animais encontrados em cada jardim.

      • Tabela comparativa mostrando as semelhanças e diferenças.

    • Apresentação oral para a turma, destacando os pontos mais interessantes das observações.

  3. Experiências de aprendizagem:

    • Saída a campo: Divida os alunos em grupos e conduza-os a dois jardins da escola. Cada grupo deve observar, listar e desenhar os elementos encontrados (animais, plantas, características do solo, luz).

    • Orientação com perguntas: Durante a observação, guie os alunos com perguntas como:

      • Quais animais vocês conseguem ver ou ouvir?

      • Há alguma diferença no tipo de planta entre os jardins?

      • O que há no solo (pedras, areia, folhas)?

    • Atividade de sala: Após a observação, os alunos organizam as informações coletadas em tabelas e diagramas.

    • Reflexão guiada: Promova uma discussão para que os alunos compartilhem o que descobriram e analisem as diferenças.


Por que funciona?

Essa atividade prática não apenas envolve os alunos, mas também os ajuda a desenvolver habilidades importantes, como observação, registro de informações, análise e comparação. Além disso, conecta o aprendizado à realidade imediata deles, tornando-o significativo e memorável.


Por que esse livro é indispensável?

Wiggins e McTighe não apenas explicam o que é o Planejamento Reverso; eles fornecem ferramentas, exemplos e reflexões que podem ser aplicados em qualquer disciplina ou etapa de ensino. O livro ajuda professores a:

  • Planejar aulas mais significativas.

  • Criar avaliações que realmente medem a compreensão.

  • Desenvolver currículos coerentes e alinhados aos padrões educacionais.


Transforme sua sala de aula

Ao adotar o Planejamento Reverso, você perceberá que suas aulas ganham mais propósito, seus alunos se engajam mais e os resultados aparecem. É uma abordagem que transforma não só a sala de aula, mas também a maneira como você enxerga seu papel como educador.

Se você busca inspiração, ferramentas práticas e resultados reais, leia "Planejamento para a Compreensão". Este livro não é apenas um guia; é um convite para repensar sua prática e alcançar novos patamares na educação.


Conclusão

O Planejamento Reverso nos ensina que ensinar não é apenas transmitir conhecimento, mas projetar experiências de aprendizado que mudam vidas. Ao adotar essa abordagem, você estará mais preparado para enfrentar os desafios da educação do século XXI e para formar alunos que não apenas sabem, mas compreendem.

Salve para reler sempre que precisar de inspiração. E lembre-se: a mudança começa com um novo planejamento!

E aí, pronto para começar a planejar para a compreensão?

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Texto inspirado no livro "Planejamento para a Compreensão", de Grant Wiggins e Jay McTighe.

Carlos Eduardo Godoy (Prof. Amparo)

Biólogo, Professor,

Escritor e Ilustrador

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